top of page

Tartaruga-verde resgatada se recupera após expelir lixos plásticos

O animal será devolvido à natureza em breve, depois de um mês de tratamento


Foto: Divulgação/PMP-BS/LEC-UFPR


Uma tartaruga-verde (Chelonia mydas) juvenil será solta na Praia de Superagui, no município de Guaraqueçaba, após um mês de tratamento. O animal foi resgatado muito debilitado pela equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC/UFPR), via Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). Durante o tratamento, os profissionais responsáveis acharam lixos entre as fezes expelidas pela tartaruga no recinto, o que indicava que ela havia ingerido plásticos e outros materiais similares ao se alimentar, causando sua debilitação.


A tartaruga foi resgatada no dia 26 de junho na praia na região do Parque Nacional do Superagui. Ela estava encalhada com o ventre para cima e muito magra. Num primeiro momento, a equipe de monitoramento do PMP-BS/UFPR acreditou que o animal estivesse morto, mas, ao realizar o resgate, verificou que apresentava sinais de vida. A carapaça da tartaruga estava coberta por epibiontes - algas inofensivas que usam a carapaça dos animais como moradia -, o que indicava que o animal não estava se movimentando de forma frequente, possivelmente por estar debilitado ou doente.


Durante o tratamento no Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Pontal do Paraná, os veterinários e tratadores verificaram que a tartaruga estava expelindo pedaços de lixo plástico. A ingestão de resíduos sólidos, como plástico rígido e flexível, é perigosa para os animais marinhos, pois pode obstruir o sistema digestivo, causar lesões internas ou infecções e até mesmo levar os animais à morte.


Foto: Divulgação/PMP-BS/LEC-UFPR


Segundo o médico veterinário Fábio Henrique de Lima, a ingestão de lixo pode acontecer por três principais razões: aparência, cheiro ou mistura na alimentação. “Por vezes, o plástico se confunde com as algas que a tartaruga-verde come; há casos em que o lixo no mar fica envolto por microalgas que exalam o mesmo ‘cheiro’ da alga que é alimento da tartaruga; ou o plástico se mistura nas algas e invertebrados de costões rochosos e é inevitável que o animal consuma o lixo junto com o alimento”, explica o veterinário que acompanhou o caso desde o resgate.


Hoje, a tartaruga-verde está se recuperando bem. Neste último mês ela conseguiu expelir os lixos ingeridos, passou a se alimentar melhor, aumentou seu peso e está reidratada. O tratamento está próximo do fim e em breve ela estará apta para retorno ao mar.



O LIXO


Cerca de setenta por cento das tartarugas dessa espécie resgatadas pelo LEC-UFPR via PMP-BS apresentam resíduos de lixo sólido ingerido. Esse dado vem se mantendo constante desde 2015, ano em que o projeto começou a realizar esse monitoramento. Só em 2022, das 22 tartarugas analisadas, 20 apresentavam resíduos sólidos.


O alto índice de plástico encontrado nesses animais é preocupante porque na maioria dos casos são animais juvenis resgatados nessa situação. “Nessa fase é possível que o lixo ingerido afete o crescimento do animal e a formação de órgãos importantes para a fase adulta da tartaruga”, explica o analista laboratorial Dr. Mário Roberto Castro Meira Filho.


Por ser um material sintético, não há decompositores na natureza que possam converter o plástico aos elementos que originalmente o formam. O lixo plástico se fragmenta e perde seu formato original ao longo dos anos, mas continua existindo no ambiente e, em muitos casos, se acumula no oceano.


Esse é um dos problemas abordados e discutidos na Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, declarada pela Organização das Nações Unidas como o período de 2021 a 2030 dedicado à estimular o conhecimento sobre o mar em busca de um oceano limpo, saudável, previsível, seguro, produtivo e conhecido. Essa iniciativa reúne esforços a nível global e a UFPR, através do LEC, é uma das instituições participantes das ações em busca de desenvolver “A ciência que necessitamos para o Oceano que queremos”.



SOBRE O PMP-BS


O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.


Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.


O PMP-BS é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. O LEC/UFPR monitora o Trecho 6 (Paraná), compreendido entre os municípios de Guaratuba e Guaraqueçaba.


Ao encontrar animais marinhos debilitados ou mortos nas praias de Pontal do Paraná é possível acionar a equipe do PMP-BR/Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) do Centro de Estudos do Mar (CEM) da UFPR pelo 0800 642 33 41 ou pelo whatsapp (41) 9 92138746.


bottom of page