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O que está acontecendo com os botos-cinza?




O boto-cinza (Sotalia guianensis) é uma espécie de golfinho residente em nosso litoral, e os indivíduos são avistados ao longo de todo o ano nas baías, estuários e área costeira, onde se alimentam, se reproduzem e cuidam de seus filhotes.


O Paraná abriga uma importante população desta espécie, mas infelizmente, somente no último mês aqui no Estado, o @lecufpr, via Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), registrou o encalhe de 12 carcaças de botos-cinzas nas praias, as quais somam aos mais de 60 registrados no último ano. Este cenário preocupa aos pesquisadores, por ser o boto-cinza uma espécie classificada como vulnerável (IBAMA, 2014) na lista de espécies ameaçadas de extinção na costa brasileira. Estes animais são considerados sentinelas ambientais, ou seja, a saúde e a sobrevivência dos botos-cinza são indicadores de qualidade do oceano.

Mas o que está ocasionando a perda de saúde dos botos-cinza?

Segundo artigo publicado pela equipe do @lecufpr em parceria com o Lab. de Patologia Animal da @UEL (Domiciano et al., 2016 - 10.1371/journal.pone.0149295) em 2016 a maioria dos botos-cinza encontrados encalhados apresentavam doenças e lesões corporais características de animais expostos a estresse elevado.


Esta situação não mudou, pois entre 2019 e 2021 a equipe veterinária vinculada ao PMP-BS/UFPR registrou 70% dos animais encalhados mortos com algum tipo de doença pré-existente, tais como parasitoses no ouvido interno, doenças de pele ou doenças pulmonares crônicas como pneumonia. Conforme relatado pelo Andrei Brum, médico-veterinário da equipe, estas doenças indicam que o ambiente onde a população de botos reside não está com boa qualidade.


"Os animais expostos a múltiplas fontes de estresse apresentam redução de sua capacidade de defesa contra os patógenos, ou seja, acabam sendo afetados por diversas doenças, as quais podem também causar dificuldades para que os animais mantenham suas atividades vitais, como a alimentação", explica Andrei.

Ainda, o médico veterinário ressalta que devido aos esforços de pesquisa e avanços tecnológicos e de protocolos, vêm sendo possível mapear e identificar as possíveis causas de doenças nos animais marinhos.


É importante ressaltar que a maioria dos botos-cinza que morrem nas redes de pesca apresentaram doenças crônicas e evidenciam que a avaliação da saúde dos animais e a causa de suas mortes demanda muita investigação e a atenção de todos.


As alterações do ecossistema são, em geral, ocasionadas pelo desenvolvimento urbano desordenado, intenso trânsito de embarcações, obras portuárias, uso de agrotóxicos nas lavouras e outros compostos químicos na indústria, e mesmo algumas atividades pesqueiras irregulares. Estas atividades geram poluição e degradação, alterando a saúde do mar, da sua biodiversidade e até mesmo afetando a saúde humana. Lembrem, o mar nos supre de oxigênio, traz alimento e ainda regula o clima, se não cuidamos dele, não cuidamos de nós. Fica a dica do boto-cinza para todos, precisamos cuidar da saúde do mar!

Sobre o PMP-BS

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. O projeto tem como objetivo avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.

O PMP-BS é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. O Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (LEC/UFPR) é responsável por monitorar e avaliar os encalhes no Trecho 6, abrangendo os municípios de Guaratuba, Matinhos, Paranaguá, Pontal do Paraná e Guaraqueçaba (PR).




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