top of page

Mandrião-antártico é reabilitado e devolvido à natureza em Pontal do Paraná

Este é o primeiro registro da espécie no PMP-BS/LEC-UFPR em quase 10 anos de atividade


Pela primeira vez em quase uma década, o Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (LEC-UFPR), através do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), celebrou a soltura inédita de um mandrião-antártico (Stercorarius antarcticus), uma ave marinha rara em nossa região costeira. O momento simbólico, que ocorreu na última sexta-feira (2), marca não apenas uma vitória da ciência e da dedicação da equipe, mas também reforça a importância do trabalho realizado pelo projeto, que em 2025 celebra 10 anos de atuação.


O resgate


O mandrião-antártico foi encontrado no dia 5 de abril, durante o monitoramento regular feito pela equipe técnica do PMP-BS no balneário de Pontal do Sul, na cidade de Pontal do Paraná. Visivelmente debilitado, com baixo escore corporal e sinais de comprometimento respiratório, o animal foi imediatamente encaminhado ao Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise de Saúde de Fauna Marinha (CReD), estrutura coordenada pelo LEC-UFPR e que atua no cuidado e reabilitação da fauna marinha. “Assim que recebemos o mandrião, nossa equipe iniciou uma série de exames e intervenções. O animal apresentava um quadro agudo de pneumonia e precisava de cuidados intensivos”, explica Camila Domit, coordenadora do PMP-BS/LEC-UFPR.


Tratamento e reabilitação especializada


O tratamento da ave exigiu uma abordagem multidisciplinar. Nos primeiros cinco dias, o mandrião permaneceu em isolamento, conforme protocolo de segurança, aguardando os resultados dos testes para Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) e outras patologias, que felizmente deram negativo.

A partir disso, foram realizados exames complementares como radiografias, que auxiliaram na identificação de lesões e verificação da presença de possíveis corpos estranhos em seu organismo. Um dos destaques do tratamento foi o uso da nebulização (inalação medicamentosa) para tratar a pneumonia, que, conforme relatado pelo médico veterinário, Felipe Yoshio Fukumori, se mostrou eficaz para fortalecer o sistema respiratório da ave. “A nebulização é uma técnica que usamos com frequência em casos respiratórios, e no caso do mandrião ela foi essencial para melhorar a troca gasosa e reduzir o processo inflamatório. A resposta ao tratamento foi bastante positiva, o que nos deu um bom prognóstico desde os primeiros dias”, destacou Felipe.


Mandrião-antártico durante exames de imagem. Foto: Ana Cláudia Nunes LEC-UFPR 
Mandrião-antártico durante exames de imagem. Foto: Ana Cláudia Nunes LEC-UFPR 

Além disso, o animal passou por sessões de hidroterapia, fundamentais para estimular o movimento das patas e favorecer a impermeabilização das penas, processo essencial para a sobrevivência da ave no ambiente marinho.


Anilhamento e monitoramento


Recuperado, o mandrião-antártico recebeu uma anilha de identificação individual. O anilhamento é uma das etapas cruciais do trabalho realizado com a fauna silvestre reabilitada, pois permite o acompanhamento do animal caso ele seja avistado novamente na natureza. “Essa pequena anilha é um passaporte científico. Com ela, conseguimos rastrear o histórico do animal, sua localização e eventuais recapturas. É uma ferramenta importante para a conservação e a compreensão da dinâmica das espécies”, explica Fábio Lima, médico veterinário e responsável técnico do PMP-BS/LEC-UFPR.


Antes da soltura, o animal é avaliado e recebe anilha de identificação. Foto: Ana Cláudia Nunes LEC-UFPR
Antes da soltura, o animal é avaliado e recebe anilha de identificação. Foto: Ana Cláudia Nunes LEC-UFPR

A soltura: um marco simbólico


Mandrião-antártico solto no balneário de Pontal do Sul, em Pontal do Paraná. Foto: Edgar Fernandez 
Mandrião-antártico solto no balneário de Pontal do Sul, em Pontal do Paraná. Foto: Edgar Fernandez 

Quase um mês após o resgate, no dia 2 de maio, a equipe celebrou a soltura do mandrião-antártico em Pontal do Sul, próximo ao local de onde foi resgatado. O momento reuniu profissionais da equipe e emocionou a todos. “Acompanhamos cada etapa da sua recuperação com muito cuidado e responsabilidade. Devolvê-lo ao seu habitat, depois de tanta dedicação, é um lembrete do valor do nosso trabalho. Neste ano em que celebramos os 10 anos do projeto, essa soltura representa também a esperança de que muitas outras histórias como essa continuem a acontecer”, concluiu Liana Rosa, bióloga e gerente operacional do PMP-BS/LEC-UFPR.



Mandrião-antártico solto no balneário de Pontal do Sul, em Pontal do Paraná. Foto: Edgar Fernandez 
Mandrião-antártico solto no balneário de Pontal do Sul, em Pontal do Paraná. Foto: Edgar Fernandez 

Soltura do mandrião-antártico em Pontal do Sul. Vídeo: LEC-UFPR

SOBRE O PMP-BS

A realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. No estado do Paraná, Trecho 6, a execução do projeto é realizada pela equipe LEC/UFPR (@lecufpr e www.lecufpr.net).


Por Ana Cláudia Nunes

 
 
 

Comments


LEC - Laboratório de Ecologia e Conservação

Universidade Federal do Paraná
Campus Pontal do Paraná – Centro de Estudos do Mar
Endereço / Address Av. Beira-mar, s/n
CEP: 83255-976
Pontal do Sul - Pontal do Paraná-PR-BRASIL

  • Facebook
  • Youtube
  • Instagram

© 2024 by giumanfre | LEC Laboratório de Ecologia e Conservação.

bottom of page