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Aumento de restos de alimento e lixos descartados nas praias paranaenses ameaça à vida marinha

Além dos plásticos e demais embalagens deixadas nas praias, os restos de alimentos descartados também podem contaminar os animais


Vídeo: Sáskia Milbratz


Quatro de sete Gaivotões (Larus dominicanus) soltos no último mês pela equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) apresentaram casos de intoxicação, possivelmente associada a toxina botulínica (botulismo). As aves costeiras foram resgatadas pela equipe do LEC que executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) no litoral do Paraná.

A doença que afetou as gaivotas é causada por alimentos contaminados pela toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, que causa debilitação, paralisia e até mesmo morte dos indivíduos. “Dependendo da quantidade de toxina ingerida pelo animal, ele pode chegar a perder a movimentação dos membros, também pode ter dificuldade para respirar, podendo ter complicações pulmonares severas ou até mesmo ir a óbito”, relata o médico veterinário do PMP-BS, Fábio Henrique de Lima.

Essa espécie de ave tem hábito alimentar oportunista, ou seja, ela busca diferentes tipos de alimentos disponíveis em ambientes e lugares distintos, até mesmo tendo como fonte restos de alimentos humanos e lixos descartados indevidamente no litoral.

“Os resíduos alimentares podem ser fonte de inúmeros microrganismos que causam doenças para a fauna, e os lixos plásticos e demais embalagens descartadas indevidamente podem carregar patógenos, mas também ser fonte de contaminação química e causar lesões físicas à fauna marinha. Estas são ameaças para a conservação de muitas espécies que vivem na zona costeira e no mar”, explica a bióloga coordenadora do PMP-BS, Camila Domit.

As aves resgatadas pela equipe do LEC, via PMP-BS, receberam atendimento da equipe multidisciplinar e recuperaram a condição de saúde, podendo voltar saudáveis à natureza. Mas é importante destacar a preocupação com o ambiente de retorno, pois estão repletos de lixo e restos de comida.

Segundo a bióloga coordenadora do PMP-BS, Camila Domit, a preocupação com o lixo no mar vai além das águas paranaenses. “Um oceano limpo é um dos 8 desafios para a Década do Oceano, sendo estabelecido, inclusive, um Plano Nacional no Brasil para o combate do lixo no mar”, comenta Domit destacando que a busca de soluções para o problema do lixo demanda o engajamento de toda a sociedade.

A Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, declarada pela Organização das Nações Unidas como o período de 2021 a 2030, é um período dedicado a estimular o conhecimento sobre o mar em busca de um oceano limpo, saudável, previsível, seguro, produtivo e conhecido. Essa iniciativa reúne esforços a nível global e a UFPR, através do LEC, é uma das instituições participantes das ações em busca de desenvolver “A ciência que necessitamos para o Oceano que queremos”. SOBRE O PMP-BS

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.

O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O LEC/UFPR monitora o Trecho 6 (Paraná), compreendido entre os municípios de Guaratuba e Guaraqueçaba.

Ao encontrar animais marinhos debilitados ou mortos nas praias paranaenses é possível acionar a equipe do PMP-BS/Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) do Centro de Estudos do Mar (CEM) da UFPR pelo 0800 642 33 41 ou pelo whatsapp (41) 9 92138746.



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