Profissionais do LEC-UFPR participam de curso imersivo de desencalhe de grandes cetáceos em Santa Catarina
- cadomit
- 5 de jun.
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Curso teórico-prático reforça protocolos de resposta a emergências ambientais e fortalece integração entre equipes do litoral sul do Brasil

Nos dias 16 e 17 de maio de 2025, uma equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná (LEC/UFPR), que executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) no litoral paranaense, participou de um curso intensivo sobre desencalhe de grandes cetáceos vivos. A capacitação aconteceu em Imbituba (SC), dentro dos limites da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APABF), ação promovida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Instituto Australis e Associação R3 Animal.
O curso teve como objetivo revisar e fortalecer o Protocolo de Encalhes e Emalhe de Mamíferos Marinhos da APABF, além de habilitar e integrar os profissionais que atuam em eventos de encalhe no litoral centro-sul e norte de Santa Catarina e no Paraná. Participaram da atividade cerca de 50 representantes de instituições públicas e privadas, incluindo os técnicos do PMP-BS/LEC-UFPR: o médico veterinário Felipe Yoshio Fukumori, os monitores ambientais Thomaz Barreto e Chaara Buss, e a assistente de comunicação Ana Cláudia Nunes.

Treinamento técnico e simulado realista
O primeiro dia foi dedicado ao módulo teórico, com apresentações técnicas sobre planejamento, logística, segurança, bem-estar animal e tomada de decisão em diferentes cenários, inclusive casos de eutanásia. As palestras foram conduzidas por especialistas como Pedro Castilho (UDESC), Karina Groch (Instituto Australis) e Cristiane Kolesnikovas (R3 Animal), que compartilharam experiências e desafios vivenciados em atendimentos reais. No fim da tarde de sexta-feira (17), as equipes foram mobilizadas para atender a um "encalhe" de um protótipo realista de filhote de baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), com cerca de 7 metros, na praia de Itapirubá Norte.

O segundo dia de treinamento foi voltado exclusivamente ao simulado prático. A atividade envolveu avaliação de saúde do animal, abertura de canal na areia, atuação conjunta com embarcação de apoio e análise de cenário de eutanásia, de acordo com os protocolos técnicos e do bem-estar animal. “Participar deste treinamento reforça nossa capacidade de resposta a situações reais e nos prepara para tomadas de decisão difíceis. Além disso, fortalece a integração com as demais equipes da região sul”, destacou o médico veterinário Felipe Yoshio Fukumori.
Integração com o protocolo paranaense
A participação da equipe do LEC/UFPR também visa a regionalização dos aprendizados e a atualização do PRAE – Protocolo de Atendimento a Encalhes de Animais Marinhos no Litoral do Paraná, documento que organiza as instituições responsáveis por responder a esses eventos no estado desde 2018. O protocolo é coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), pelo Instituto Água e Terra (IAT) e pelo IBAMA, em articulação com instituições científicas e ONGs. “O treinamento nos deu base para avaliar e propor atualizações ao protocolo regional, considerando as particularidades do nosso litoral. Vivenciar a prática em um ambiente controlado e simulado nos traz mais segurança para atuar em campo”, reforçou Thomaz Barreto, técnico de monitoramento do PMP-BS/UFPR.
Os encalhes de grandes cetáceos – como baleias, golfinhos e outros mamíferos marinhos – representam emergências ambientais que exigem resposta rápida, técnica e coordenada. Os principais fatores associados a esses eventos incluem causas naturais, como doenças, e causas antrópicas, como colisões com embarcações, emalhes em redes de pesca e poluição marinha.
A técnica de monitoramento, Chaara Buss, também destacou a importância do aspecto emocional e do trabalho em equipe no atendimento a esses animais. “Cada encalhe é um desafio único, que exige sensibilidade, conhecimento técnico e muita cooperação”, disse a técnica.
Cooperação e Década da Ciência Oceânica

A capacitação integra os esforços do ICMBio e parceiros em prol da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021–2030), promovida pela ONU. Além de reforçar o compromisso com a proteção da biodiversidade marinha, o curso também consolidou o trabalho em rede entre instituições do sul do Brasil, promovendo a padronização e o fortalecimento de respostas frente a emergências ambientais. “Capacitações como essa ampliam nossa rede de apoio e fortalecem o entendimento técnico sobre o que é possível e ético em casos de encalhe. É uma construção conjunta e contínua”, finalizou a coordenadora do PMP-BS/UFPR, Camila Domit.
Caso você encontre animais marinhos debilitados ou mortos nas praias do litoral do Paraná, acione a equipe do PMP-BS/LEC-UFPR pelo telefone 0800 642 33 41 ou pelo WhatsApp (41) 9 9213-8746.
SOBRE O PMP-BS
A realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. No estado do Paraná, Trecho 6, a execução do projeto é realizada pela equipe LEC/UFPR (@lecufpr e www.lecufpr.net).
Por Ana Cláudia Nunes
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